janeiro 19, 2014

Steven Wilson - The Raven That Refused To Sing (And Other Stories): o bom e velho prog!

Pessoal, Thiago V. por aqui, o fundador do blog no longínquo ano de 2007. Enfim, depois de muito tempo, o The Musical Box Blog está de volta, como vocês já devem ter percebido com as postagens de meus novos colaboradores, Luigi e Gustavo. Lá se foram alguns bons anos sem posts novos, desde 2008 se eu não me engano...

Agora, sem a pretensão de publicar regularmente e sim quando apenas der na telha, quando surgir a vontade de compartilhar algo novo, estamos de volta. Acho que assim o negócio rende mais. Sem a obrigação de publicar toda semana e tudo mais. Especialmente com a ajuda de meus amigos, Luigi Bahia e Gustavo Benedet, que vocês já conheceram brevemente com seus sensacionais posts. A possibilidade de um blog com vários colaboradores me animou até para eu renovar meu iTunes e ouvir o que os meus companheiros estão recomendando.

Aliás, a vida do blog vai seguir assim por enquanto, com posts meus, do Luigi e do Gustavo (quem sabe, mais para frente, ainda apareçam outras pessoas). Cada um com seu estilo próprio. Como já disse o Luigi pra mim, talvez a irregularidade constante de alguns, no fim, acabe se tornando uma regularidade. É o que esperamos! 

Feita essa pequena introdução, vamos à pequena e grande experiência e recomendação sonora de hoje: Steven Wilson.

O blog nasceu para compartilhar experiências oriundas do rock progressivo e se desenvolveu abrindo espaço para outras vertentes do rock. No entanto, hoje é aquele bom e velho rock progressivo que está de volta por aqui.

O rock progressivo, que teve o seu ápice nos anos 70 com bandas da magnitude de Pink Floyd, Genesis, Yes e Van der Graaf Generator, sempre foi visto como uma vertente datada da mencionada década. O que veio depois nunca se comparou com a época de ouro de prog. Ainda que muita gente insista em dizer que Dream Theater é rock progressivo e - o que ainda é pior - que essa banda metida à prog presta.

Steven Wilson vai contra essa tendência. Vocalista do Porcupine Tree, sua carreira solo foi uma inesperada surpresa nesses últimos tempos. Graças ao companheiro Diogo Labegalini que me indicou o cara, ouvi com atenção e posso dizer sem medo: o último álbum dele, o The Raven That Refused To Sing (And Other Stories), é, com toda a certeza desse mundo, o melhor disco de 2013 e uma das melhores experiências progs que ouvi desde que conheci o Genesis pela primeira vez.

As guitarras do disco lembram (e muito) o clássico guitarrista do Genesis, Steve Hackett (que considero o melhor de todos ao lado do Howe, do Yes); principalmente na faixa Drive Home, uma das melhores do disco. Então, só por aí, vocês já podem perceber como tem coisa boa nessa álbum.

São apenas seis faixas - como os velhos e clássicos álbuns de prog -, e cada uma possui sua identidade própria. Luminol, uma das melhores do álbum, abre com uma pujança que empolga. Os animados slaps de baixo dão a tona do que vem a seguir: muito virtuosismo instrumental à la melhores momentos da carreira do Yes. O uso perfeito das harmonias vocais nessa faixa é algo que deve ser destacado também. O final da música é simplesmente épico.

Drive Home é aquela música para se ouvir no carro, de vidros abertos, e com vento na cara. Com uma sensação de liberdade musical incrível, a faixa tem uma força própria que salvaria qualquer álbum medíocre do fracasso. O solo de guitarra dessa música é um dos melhores  já produzidos no meio musical nos últimos dez anos. Talvez a melhor do disco ao lado de Luminol. Aqui vai uma preview da música com seu belo videoclip:



The Holy Drinker e The Pin Drop são músicas mais soturnas e obscuras, lembrando o bom e velho experimentalismo de bandas como Van der Graaf Generator e Gentle Giant (bandas que me vieram à cabeça nesse momento). A primeira tem um uso de viradas de guitarras bem interessante, além do bom uso dos componentes vocais.

Mais calma e acústica, The Watchmaker é outra faixa sensacional. Ao final de tudo, o disco encerra com uma canção que poderia muito ser a trilha sonora de um velório ou de um enterro - assim como o é Watcher of the Skies, do Genesis -, a faixa que dá o título ao álbum: The Raven That Refused To Sing (And Other Stories). Engraçado que eu tive essa percepção quando ouvi a faixa pela primeira vez e li outra pessoa dizendo exatamente o mesmo na internet em uma review desse álbum. Aqui está.





















Espero que curtam o cara. Até a próxima experiência sonora (não necessariamente prog), pessoal!

janeiro 14, 2014

Santíssima Tríade Post-rock

Convidado a ajudar no renascimento deste blog, mais na ideia de simples recomendações como qualquer outra ambição, minha primeira participação é, ou melhor, são.


Se houve algo em termos de musica que realmente, e ainda quase que literalmente, me fez conhecer aquela famosa “desligar do mundo ao redor” foi e ainda é o movimento post-rock. Meu acervo surgiu a partir de três bandas: Sigur Rós, Explosions in the Sky e, por ultimo e ainda mais importante, visto que foi com essa especificamente que me apresentou as anteriores e todo o resto por si, Mogwai.

As musicas em todas as três trazem aquela disforme completude sonora. Algo ali parece não estar normal, mas está completo. É como entrar em um ambiente, uma sala, e sentir prazer simplesmente por estar ali dentro. Os sons, ruídos, as vozes distorcidas de Mogwai e a voz tersa de Jónsi, do Sigur Rós, aparentam ser tudo meticulosamente construídos para que todo o visual do ambiente venha à tona através da audição.

Mas claro, cada banda possui sua individualidade. Sigur Rós, como a própria definição da voz de seu vocal, representa muito bem aquilo que é limpo e puro; definindo o som deles em uma palavra, eu diria: onírico. É um som sem duvida onírico. O tipo de musica que te faz pensar “de onde diabos veio isso?” e ainda assim te passa sensação de tranquilidade e você percebe que aquilo, no fim das contas, é natural, e talvez até sinta que faz parte de ti. O vonlenska é uma espécie de transporte para o imo.

Explosions in the Sky, EITS, nome que diz por si só, é como o ato de voar, plainar e por vezes, vem a turbulência. Suas musicas começam levemente, apenas surgem com introduções tímidas, batidas ou distorções perdidas, e aos poucos ela vai se tornando mais robusta, mais concreta, vai gradualmente engrossando até a ponto de explodir em uma enxurrada de barulho com os quatro braços de cordas elétricas e a bateria que formam o grupo. Há certa similaridade dentre suas músicas, visto dessa forma, surgir, crescer, explodir e seu fim, mas com certeza não se chegaria a um esvoaçante ápice, não fosse todo o caminho construído para se chegar nele. Com um som totalmente instrumental, eloquência é verbete de mãe.

Por fim, depois de uma experiência sonhando e voando, vem Mogwai e lhe dá um tapa na cara. O pior é que depois ainda te beija onde bateu. Eu vejo o som desses caras como uma apresentação da realidade. Por mais que seja minimalista seu som, algumas um pouco mais agitadas, outras ainda inteiras naquela quietude, Mogwai consegue transformar o ato de viver em musica. O ambiente que eles criam aqui é algo como quando você sai pra rua e sente prazer em estar naquele “ali fora”. Basicamente, ao mesmo tempo em que mostra a hostilidade do dia-a-dia, berra e cospe, também vem e diz que existem as coisas boas e te reconforta. Êxtase e serenidade se fundem em alguns minutos e você não sabe o que tá acontecendo e ainda assim gosta do que ouve.

Apenas recomendo com todas as forças as três bandas com uma intensidade idêntica. Não quis deixar nada muito naquela de crítica musical ou informações sobre álbuns e fases boas/ruins, minha ideia foi repassar meus sentimentos sobre as musicas de cada, acredito que assim a ideia do som proporcionado se interpreta melhor, como também é esse o conceito que interpreto dos próprios sons apresentados; o que é abstrato. Lembrando que nada melhor do que ouvindo, lógico.


Dica essencial: usem seus fones de ouvido. Escutem.










Bônus:


Álbum mais recente do Mogwai, tão recente que ainda nem foi lançado (rs).

janeiro 06, 2014

Soonanda: Afroclarinete, fraseados extasiantes e percussão como você nunca viu

Fala galera! Belezinha? It's-a-me, Mario Luigi! Quando falei sobre Pitanga já estava num dilema ferrado sobre discutir a banda previamente mencionada ou esta banda que vos trago hoje: Soonanda (Face). Novamente, apresento um grupo que fogueteia através do teto em termos de inovação musical pela fusão de ritmos e estilos distintos; parte dos integrantes traz ao grupo vibrantes influências da música e percussão africana, por seu próprio histórico musical e pelo envolvimento com o grupo de dança e percussão afro Abayomi, enquanto os instrumentistas de sopro e cordas introduzem nuances de música contemporânea e matizes características de seus instrumentos (pessoalmente, viajo no clarinete) ao som rico e hipnótico do grupo.


O grupo se autodenomina inventivo e experimental, visando a quebra das delimitações da expressão musical — produzir, sentir, dançar — e os sentidos utilizados para apreciar o que se produz. A meu ver, é um belíssimo abandono da rotulação da arte (isto é música, isto é dança, isto é performance) e apresentação desta de maneira simples e complexa, única e holística: como Arte. E pronto.

Não tenho pra vocês um álbum baixável desta vez, mas no SoundCloud (tá ali embaixo também) dos caras, várias músicas expressam o que minhas palavras só fazem você perder tempo tentando entender, pois deve ser sentido.

Pra quem mora em floripa ou visita com frequência, o grupo se apresenta com frequência por lá, fazendo inclusive apresentações junto com o grupo Abayomi

Para os leitores musicistas, fica minha reflexão sobre grupos como o Soonanda: EXPANSÃO. A música apresentada na sociedade como um todo é padronizada e formatada, e mesmo estudando e produzindo música de acordo com o que sentimos e queremos, podemos nos sentir encurralados por idéias repetitivas e mesmices musicais, presentes na vasta maoria das músicas de fácil acesso. 

De progressões harmônicas mais do que surradas à ritmos repetidos e repetitivos, certos elementos estão constantemente presentes na maioria das músicas que conhecemos, e, portanto, ao acessarmos nosso acervo musical mental em busca de criatividade, encontramos um "formato criativo". O pessoal do Soonanda apresenta o novo, o alheio, o diferente. E pra quem tem fome musical, isso é um prato cheio de comidas novas pra degustar e aprender a preparar :) Um abraço!


Integrantes:
Assis Monteiro - Contrabaixo
Diogo Costa - Dununs
Fabio Cadore - Djembê
Léo Cezari – Guitarra
Pedro da Costa - Flauta transversal
Tomaz São Thiago - Clarineta

Telefone: 48 8451-6056
E-mail: soonanda.contato@gmail.com
Canal do youtube: Clique




+Camila Claudino de Oliveira : Obrigado, nega! :)

janeiro 03, 2014

Baião do jazz chorado vai ao carnaval




Olá galera! Tudo bem com vocês? :) Me apresentando, sou Luigi e um dos recrutados no antigo projeto de revitalização do blog; apaixonado por música de corpo e alma, toco violão mas estudo música de modo geral, tentando cada vez mais compreender e saber comunicar dentro desta linguagem tão profunda e sublime.


Apresentando a banda que trago dessa vez, Pitanga em pé de Amora é uma banda que reflete bem o Brasil: uma senhora mistura. Da primeira vez que ouvi a banda, repeti o álbum até não aguentar mais escutar os caras. Os músicos são todos jovens, vinte e alguma coisa anos, e prezam pela liberdade musical, isto é, suas músicas flutuam entre estilos durante a execução sem pudor nenhum, juntando elementos e instrumentos de vários cantos e criando, ao longo do primeiro disco (clique e baixe) ambientes musicais felizes, alegres, tristes, bucólicos e cômicos (hilários!) entre as canções. Os músicos tomam como inspiração cenários muito antigos da música brasileira, usando-os numa espécie de reciclagem inspiracional para criar um som novo com elementos nostálgicos e, pelo caráter refinado da velha música brasileira, muito elaborados.





O trabalho coletivo norteia o cancioneiro do grupo, aonde os integrantes, (Angelo Ursini, Daniel Altman e Ga Setúbal, todos eles multi-instrumentistas), se revezam na autoria das composições letradas por Diego Casas, que além de letrista titular, também faz junto com Flora Popovic e Daniel Altman o vocal da maioria das canções. — Zé Carlos Cipriano





Pitanga em pé de Amora é, na minha opinião, uma das bandas do novo cenário musical brasileiro que comprovam, com muita força, a qualidade da arte brasileira, a despeito do que a mídia de massa nos mostra. Na página do facebook dos caras, existem partituras de algumas músicas para os interessados em reproduzir essa belezura. Um forte abraço!